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Como o perdão pode te ajudar a crescer profissionalmente?

Por que o perdão é tão importante e é uma questão de inteligência?

Não, não é uma questão de bondade, superioridade ou iluminação. Perdão é, na verdade, uma questão de inteligência emocional e, ainda mais importante, é base para as grandes mudanças e transformações de crescimento humano, impactando o sucesso profissional e as lideranças.

Muitos de nós ainda associam o perdão diretamente à religião e reside aí grandes equívocos quando se aborda essa inteligência. É compreensível que haja essa ligação, pois Jesus foi o primeiro a destacar a importância do perdão, dizendo que devemos perdoar 70 vezes sete; no contraponto, há os ensinos antigos da Lei de Talião, onde se origina o ditado do “olho por olho, dente por dente”. Tudo correlacionado às crenças religiosas. São raízes que perduram na construção cultural e na forma como nos relacionamos com o outro e com nós mesmos, porém, que dificultam a falta do amadurecimento sobre o perdão e o autoperdão.

Por que o perdão é tão importante e é uma questão de inteligência? Porque essa ação na prática melhora a sua vida, ajuda a romper com barreiras que impedem sua evolução, amplia sua capacidade de criatividade, resiliência, abertura para o novo e, em especial, possibilita elevado grau de conexão – consigo mesmo e com o outro – e isso significa: relacionamento. Um dos mais importantes, e que eu considero vital, pilares da vida profissional. Há diversas pesquisas que apontam o quanto as pessoas pedem demissão ou são demitidas não por falta de habilidades técnicas, mas sim comportamentais.

O que o perdão promove é uma virada em relação ao seu ponto de vista e do seu entorno, sim, é quando você para de apontar os culpados pelos próprios sofrimentos e pelo que não deu certo e avança rumo a soluções de melhoria, mudando os sentimentos que estão ruins para algo que leve você adiante. É autorresponsabilidade, você, responsável pelos seus sentimentos e escolhas. É como se desprender de uma bola de peso que ficou grudada em seus pés. É por isso que afirmo que perdão é liberdade!

Se você está carregando um sofrimento há muito tempo apenas para provar ao mundo que está certo e o outro foi o errado, na realidade está preso a um vitimismo e, ao mesmo tempo, a sensação do poder – eu certo x outro culpado. Mas será que é inteligente? Quem é que está gerando mágoas e rancores que, além da destruição do organismo – sim, esses sentimentos negativos liberam substâncias tóxicas que geram doenças físicas e emocionais – fica preso a ressentimentos, ao “sentir de novo”, limitando seu cérebro a criar caminhos neurais novos e de maior satisfação, seja para um upgrade profissional, a geração de novas ideias, relações e prazeres? Quem está melhor na vida, você ou a outra pessoa?

O mesmo raciocínio vale em relação a si mesmo. Todos carregamos padrões negativos, seja o controle, a crítica, o julgamento, o perfeccionismo etc., mas antes de vivermos esses comportamentos em relação ao outro, vivemos em relação a nós. Muitas vezes, a dor que sentimos por não sermos perfeitos e bons o suficiente é tão profunda que entramos num ciclo sem fim de autoexigências e autocobranças.

Mas todos nascemos duais, com a sombra e com a luz, se pudéssemos compreender isso, pararíamos de nos criticar tanto e usaríamos nosso tempo para inovar, fazer algo diferente, criar, mudar nossa perspectiva, aprender e num processo contínuo até o fim da vida. Tanta coisa ainda dá para fazer se parássemos com essa exigência inútil, porque continuaremos falíveis.

Portanto, o processo de perdoar deve começar conosco, o autoperdão é o primeiro passo para uma jornada libertadora.

Na minha vivência, o perdão revolucionou a maneira com que eu me relacionava com tudo à minha volta. Quando perdoei a mim mesma e as pessoas que me atingiram negativamente, consegui ter clareza para fazer escolhas diferentes, tanto na vida pessoal quanto na profissional, apropriei-me de minha liderança e passei a empreender fortemente na minha maior especialidade, o autoconhecimento. Foi tão libertador e fez tanto sentido que escrevi o livro “Perdão, a revolução que falta”, no qual falo em detalhes sobre essa vivência.

O hábito de perdoar vem do sentimento de compaixão: assim como eu, você também; assim como você, eu também. Compaixão é o profundo pesar pela dor ou sofrimento de uma pessoa, acompanhado pelo sincero desejo de aliviar a causa desse sofrimento. Se pudéssemos enxergar nossos colegas de trabalho com esse olhar, compreender que tudo que somos é resultado da nossa história e que somos duais e falíveis, focaríamos naquilo que interessa e nossos resultados, individuais e coletivos, seriam de muito mais crescimento.

E como perdão é um sentimento que está ligado à área de empatia, da simpatia e da compreensão, já pensou quando gerarmos ambientes profissionais com essas qualidades? Não precisaríamos obrigar ninguém a fazer nada, as pessoas trabalhariam por prazer, sentindo a companhia um do outro, sabendo que todos nós temos um brilho incrível e temos também uma sombra horrorosa – com entendimento de que ninguém é o que é porque quer e todos estamos num esforço enorme de ser feliz, de dar certo, de fazer algo bom em nossas vidas. Isso traria mais produtividade e lucro de uma maneira avassaladora, além de uma elevada qualidade no clima organizacional.

Afinal, quando perdoamos, recuperamos nosso bem-estar, nossa autoestima, amor-próprio e satisfação pessoal, independentemente de fatos e pessoas. Trata-se de uma escolha que nos permite ter uma vida mais leve, feliz e satisfeita, mesmo com tudo que nos aconteceu e, principalmente, encontramos uma paz interior duradoura e indescritível.

De agora em diante, espero que você se lembre de que tem esse autopoder de se libertar da dor que o outro causou ou que você mesmo criou para si, quantas vezes forem necessárias e estar aberto para se relacionar de um ponto de vista positivo, fazendo escolhas que lhe façam bem e gerem sucesso. Isso significa soltar as mágoas para viver novas relações e um novo eu.